7.5.08

Tributo à loucura


Acho que todo pequenino fã de desenho, ávido leitor de quadrinhos e religioso seguidor da novela que são os animes, digo aqui o individuozinho que arrisca rabiscar de vez em quando, tem no desenho uma forma de diversão, um pouquinho mais que hobby, ás vezes beirando obsseção. Talvez seja comum a alguns desta "espécie" a cada vez que se deparam com uma página de "naruto" ou "cavaleiros do zodíaco", ou ainda aquele que ao assistir Samurai Champloo sente despertar em si uma ânsia, algo que faz seus olhos verem o produto desenhístico não mais apenas como entretenimento, mas a partir de algum momento uma compulsão interna o agita, o impulsionando a mostrar do que ele também é capaz de fazer, que, não menos modesto, ele também poderia fazer aquilo, ou algo melhor. Um desejo infantil, que permanece infantil como vontade, quase como uma loucura: "Trabalhar com história em quadrinhos? Tá louco menino? Isso não dá dinheiro não!" E o talento se raquitiza antes de florecer, afogado pelo desconhecido que é o mundo adulto. O menino, Otaku, nerd viciado em Hq's ou o que seja, não sabe bem o porque, mas considera por causa de uma "visão mais realista" de que o que sonhava em seus doze-treze anos não é mais passível de ser real. Melhor trabalhar numa empresa como office-boy, pelo menos por enquanto, até conseguir uma vaga naquela faculdade de direito ou quem sabe? Administração talvez seja uma boa...(nada contra quem optou por esse caminho, não me interpretem mal!)

Detesto o modo como certas pessoas se referem aos próprios trabalhos, se acanham em mostrar seus trabalhos só por mostrar e quando há alguém em seu meio que procede assim, fica taxado de metido ou exibido. Isso acaba gerando, na minha opnião, uma posição meio egoísta, ao ponto de se tornar uma auto-desvalorização. Ora, o desenho é uma coisa pessoal, tão pessoal quanto escovar os dentes ou se pentear. A verdade é que existe tanta gente ruim dando as caras por aí e tanta gente boa escondida na vergonha ou no próprio ego... O desenho nunca fica bom o bastante para sair do círculo de amigos ou familiar.
Para quem conhece, por exemplo, o mangá Vagabond, de Takehiko Innoue ou o Blade of the Immortal de Hiroaki Samura e também já viu Medabots, aposto como é certo como que você já está suplicando que esse post termine, que odiará o traço de Medabots em comparação aos dois anteriores. Ou ainda, para os leitores dessa nova geração que lêem as aventuras de Narutos e assistem o novo Batman na tv, de certo também recearão em começar uma leitura dos clássicos de Osamu Tesuka(eu mesmo nunca li um), conhecido como o Deus dos Mangás por aquelas bandas.
Só sei que ainda persiste a criança em mim de um dia criar uma história própria(apesar do que ela já existe em processo construtivo), que anseia por um quadrinho em pé de igualdade com qualquer um numa banca da esquina, não digo nem em nível de qualidade, mas que pelo menos esteja à venda na prateleira também...

Nem que seja para, num passeio com os amigos, parar numa delas e dizer: "...olha! eu que fiz!"



Lembro que quando conversava com uma amiga sobre a história que criei, quando eu falava era como se as palavras saíssem estranhas da minha boca, como se eu me sentisse idiota em dizer o que eu dizia, como se fosse ridículo, eu, sujeito grande, contar uma história fantasiosa, e no momento faltava um pouco a empolgação e certeza completas que eu sentia quando criava ou apenas divagava comigo mesmo. Era como uma sensação altista, não sei, algo tímido demais sair falando assim. Ainda por esses tempos me sinto assim. É um erro concerteza, não, é menos que isso. Ainda é falta de convicção no que eu gosto de fazer.

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